Pastorais Sociais, no plural, são serviços específicos a categorias de pessoas e/ou situações também específicas da realidade social. Constituem ações voltadas concretamente para os diferentes grupos ou diferentes facetas da exclusão social, tais como, por exemplo, a realidade do campo, da rua, do mundo do trabalho, da mobilidade humana, e assim por diante.
É função da Pastoral Social procurar respostas para esse tipo de situação. Isto significa que as respostas não estão prontas. Não há receitas acabadas. Em cada momento e em cada local, é preciso iniciar um processo em que o maior número de pessoas se envolvam na busca de soluções concretas. A partir da conscientização, da organização e da mobilização, abrem-se caminhos alternativos. O importante é chamar a atenção da Igreja e da sociedade para esse quadro de injustiças cada vez mais grave. A Pastoral Social tem como finalidade concretizar em ações sociais e específicas a solicitude da Igreja diante de situações reais de marginalização.
FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA
Os textos bíblicos destacam em suas páginas alguns rostos que têm a predileção do amor de Deus. No Antigo Testamento sobressaem “o órfão, a viúva e o estrangeiro”. No livro do Êxodo, Deus “vê, ouve e sente” o clamor dos oprimidos escravizados no Egito (Ex 3,7-10). Os profetas não se cansam de chamar a atenção sobre o direito ea justiça para com os pobres.
Nos Evangelhos, novos rostos desfilam diante de nós. Freqüentes vezes Jesus enumera uma lista em que descreve aqueles que se encontram mais perto do carinho do Pai. Exemplos: o texto do juízo final, em Mt 25, 31ss; as bem-aventuranças, em Mt 5, 1-12; o programa de Jesus, em Lc 4,16-20 o episódio do Bom Samaritano, em Lc 10,25-35. Por outro lado, os doentes, as mulheres marginalizadas, os pequenos e fracos, as crianças, enfim, uma multidão de gente ferida disputa espaço aos pés do Mestre.
Os Atos dos Apóstolos, as Cartas e o Apocalipse revelam igualmente a atenção das primeiras comunidades para com os pobres. Desde cedo, os cristãos se organizam para suprir as necessidades básicas de seus irmãos. Como mostra São Pedro em sua primeira carta, as comunidades eram “uma casa para quem não tinha lar”.
PASTORAL SOCIAL: FÉ E COMPROMISSO SOCIAL
A Pastoral social procura integrar em suas atividades a fé e o compromisso social, a oração e a ação, a religião e a prática do dia a dia, a ética e a política. Aqui é preciso superar as dicotomias entre “os que só rezam” e “os que só lutam”, “os que louvam e celebram” e “os que fazem política”. Na verdade, a verdadeira fé desdobra-se naturalmente em compromisso diante dos pobres. A ação social é condição indispensável da vivência cristã. O compromisso sócio-políttico não é um apêndice da fé. Ao contrário, faz parte inerente de suas exigências. A fé cristã tem, necessariamente, uma dimensão social. Não é isso o que nos ensina o episódio do Bom Samaritano? Ou seja, entrar ou não entrar na vida eterna é uma alternativa que está condicionada à atitude frente ao irmão caído e ferido na beira da estrada. Tal condição se torna ainda mais clara no texto do Juízo Final: “Vinde benditos de meu Pai, porque estava com fome e me deste de comer...”.
Evidente que a Pastoral Social não tem o monopólio da transformação social e da busca de alternativas. Outras pastorais e dimensões da Igreja também trabalham na mesma direção. Mas, no caso da Pastoral Social, essa é sua missão específica, intransferível. É a razão de sua existência. Constitui sua identidade. Vale sublinhar, ainda, que sequer a Igreja detém semelhante monopólio. Outras Igrejas, cristãs ou não, preocupam-se pela transformação das estruturas injustas da sociedade. O mesmo se pode dizer de inúmeras e variadas instituições civis, entidades, movimentos sociais, organizações de base, associações, pessoas, enfim, milhares de iniciativas em curso. O Reino de Deus, como sabemos, ultrapassa as fronteiras da Igreja e exige fé e pé na caminhada.
Na contramão das estruturas sociais injustas, o povo se mobiliza. Movimentos sociais, pastorais, organizações de base, entidades, ONG’s, associações populares são, entre outros, protagonistas de um novo tempo. Diferentes atores que procuram, em parceria, abrir caminhos alternativos para o país. Contribuem também com a construção conjunta de uma nova ordem mundial, alicerçada em fundamentos éticos. É a luta dos peixes na piracema, lutando contra a corrente. Somente serão capazes de gerar vida nova se forem capazes de navegar rio acima. Caso contrário, a corrente os arrastará para o oceano como corpos inertes e estéreis.
OBJETIVO GERAL DA PASTORAL SOCIAL
Em correspondência com as quatro exigências evangélicas da ação da Igreja no Brasil, quatro palavras chaves poderiam resumir o Objetivo Geral da Pastoral Social. Trata-se de proclamar a Boa Nova do Evangelho entre os mais pobres, através de uma presença, de um alerta, de uma ação social e de uma articulação-parceria.
a) uma presença (testemunho) junto aos setores mais marginalizados da população, aos porões da sociedade, aos “infernos” do sofrimento humano;
b) um alerta (denúncia e anúncio) à Igreja e à sociedade civil sobre a existência desses submundos, alerta que é uma espécie de antena permanentemente sintonizada com o clamor dos oprimidos;
c) uma ação social (serviço) que multiplica atividades de conscientização, organização e transformação, as quais levam à conversão pessoal, por um lado, e a mudanças concretas de ordem social, econômica e política, por outro;
d) uma articulação-parceria (diálogo) com as demais igrejas, cristãs e não cristãs, e com as forças vivas que contribuem para transformar a sociedade em que vivemos.
EQUIPE DE PASTORAL SOCIAL DIOCESE DE SANTARÉM.
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